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No ônibus



Ei você! 
Que aprisionado da vida quer ejacular na minha liberdade, 
Derramando em mim seu prazer insaciável, 
E suas mazelas fétidas! 
Ei você! 
Que não crê, julga que estou querendo, 
Encarcerado em sua ignorância, 
E não percebe a negação e constrangimento do meu corpo “frágil” vomitando a intolerância! 
Ei você! 
Quero ficar em pé! 
Quero ficar sentada! 
Não me amole, 
Não me anule, 
Não me manipule! 
Quero ser respeitada! 
Você não é só instinto. 
Não pode ser só carne. 
Pense, raciocine, não seja só seu pênis! 
Respeite a minha vida! 
Se respeite, também!

Jaine Godinho Scheffer - Livro Alma e Pele, pag. 69

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